sábado, 26 de novembro de 2011

Lutar Por Uma Chance

Existem assuntos que são difíceis de abordar em qualquer contexto que seja, e principalmente com os nossos pais. Um desses seria sem dúvida alguma a possibilidade de morrermos antes deles.
Os pais pensam justamente como deveriam pensar, é a lei natural da vida os filhos enterram os seus pais e não o contrário; Nunca o contrário.
No entanto se formos pensar com frieza por vezes ocorrem situações que fogem ao nosso controle. Situações nas quais, por mais que quisessemos que fosse diferente, a nossa vontade não está em jogo, a nossa vontade não serve pra nada.
Por isso eu, mencionei os meus últimos desejos em caso de minha eventual morte. E não eram desejos do género "Eu quero que meu caixão seja cor de rosa com florzinhas azuis" eram desejos que poderiam e fariam a diferença, como doação de orgãos.
Eu expliquei isso tudo acima, para poder justificar o porque de uma jovem falar sobre esse tema.
A verdade é que sempre houve uma coisa que me incomodava muitíssimo em doentes com cancer, que esperam transplantes, ou que possuem outras doenças complicadas e etc... O facto deles lutarem por uma chance.
E o que eu quero dizer com isso é que, na realidade, ninguém lhes dá uma real garantia de sucesso. Ninguém, em nenhum momento lhes diz "seja forte, por que se for, vai sair dessa" não, o que dizem no melhor dos casos é "Seja forte, porque se for, pode sair dessa" essas pessoas tem que lutar, sofrer, aguentar e resistir por uma chance de sobrevivência. Sabendo que talvez tudo tenha sido em vão, que a morte venha a reivindica-los por fim, depois de todo esse longo percurso.
Aí a minha pergunta é: Não seria tentador levantar as mãos em rendição? Simplesmente desistir? OH como seria...
Então são justamente essas pessoas que encontram forças e esperança onde por vezes não há nehuma, que fazem com que eu comece a olhar a minha volta e me induzem a ver o mundo como uma unidade da qual fazemos parte, e não somos simplesmente mais uma peça aleátoria num sistema, pelo contrário: Faz-me querer ser uma parte ativa dessa mesma unidade.
Resumindo e chegando ao fim, por que a maioria já deve estar cansada dessa ladainha: Eu disse a minha mãe que eu gostaria de ser, se possível fosse, doadora universal (não sei se o nome tá certo) mas é daquelas doadoras que doam tudo o que é possível doar, desde coração e pulmões até pele e olhos. Isso porque a morte é uma realidade, dela ninguém escapa. Estando morta, pra onde eu vou, não vou ter muito uso dos meus orgãos de todos os modos. Eles muito provavelmente serviriam de alimento para tapurus. E a verdade é que: O meu fim poderia ser o começo de alguém, e se esse começo depender de uma coisa que uma vez foi minha(os meus orgãos)... Que assim seja.


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