quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Aquele sentimento...
Sabem quando nós temos aquele sentimento de impotência?!
Aquele sentimento que aparece quando demos tudo de nós e ainda assim não foi nada?! Ainda assim não chegou nem perto de ser suficiente?!
Quando nos esforçamos por um objetivo e simplesmente entramos em conflito com a realidade que insiste em nos puxar pra baixo, uma e outra vez?!
Bem, devo dizer que estou sentindo exactamente isso e ainda muito mais coisas... As relações entre adolescentes e seus pais nunca foram consideradas facéis. Existem aqueles pais "ignorantes" e "incompreensivos". Por outro lado, existem aqueles ,que eles próprios se consideram os "intelectuais" e "actualizados". O interessante é que no final de contas todos eles vão dar ao mesmo; São todos a mesma coisa. Os ignorantes resolvem os conflitos, discussões, e eventuais discordias com a grande e redonda palavra NÃO e em casos mais extremos(se você ousar questionar o porquê daquele NÃO) com uns bons "tabefes", ou melhor dizendo, palmadas. Os intelectuais tem uma qualidade incrível, uma capacidade única que sem dúvida foi divina algum dia: A Ignoração.
Sim! Eles simplesmente nos ignoram. E nos ignoram tão bem, que fazem disso quase uma atividade, como argumentação ou sei lá, como outra coisa qualquer, mais banal, como a repartição de alguma coisa.
Deveriam incluir no vocabulario a ignoração. Nós dizemos qualquer coisa como:
-Eu tive uma discussão com a professora.
Silêncio.
-Mas eu vou tentar melhorar e me dar melhor com ela.
Mais silêncio
-Mas cá entre nós ela não presta.
Pausa na atividade que estavam fazendo(é geralmente até essa altura eles nem se dignam a parar o que estavam a fazer) e leventam a vista, com olhar de impaciência.
-A professora é uma filha da P*** que só tirou aquela M**** de diploma para me fu***.
Ai vem aquele olhar de recriminação e decepção, aquele olhar que vem cheio daquilo que é o último que nós queriamos provocar, um quase desprezo. E nós saimos satisfeitos com nós próprios. Agora a grande questão é: Somos mesmo normais?! até que ponto somos masoquistas?! Porque nós não odiamos os nossos pais, pelo contrário: Nós ansiamos ver um olhar de admiração, de orgulho de apreciação e mais que tudo. Amor isso é o que nós filhos queremos dos nossos pais, mas no final de contas nós mesmos é que provocamos o que eles sentem por nós, toda aquela decepção de não sermos o que eles sonharam pra nós. Ou talvez não, talvez tudo começou com um dia que correu mal, um dia de mal-humor no qual os nossos pais descarregaram toda a frustração em nós e apartir daí foi criado esse ciclo vicioso, onde magoamos porque fomos magoados e por aí vai, e as vezes nunca acaba.
É interessante o porquê de eu escrever isso tudo, penso que das relações que eu presenciei de meus colegas com os seus pais, ou talvez simplesmente é daquilo que vemos em novelas ou na rua a nossa volta. Relatos de pessoas cansadas dessa constante nas suas vidas, onde o amor paternal/maternal se perdeu a muito nos seus passados.
Porquê no meu caso concreto nunca foi assim. Meus nunca me ignoraram, nem nunca levei uma palmada. Penso em grande parte por minha mãe, que me teve aos 22 anos e pelo meu pai que tinha 28 nessa época, talvez por eles serem pais de "primeira viagem" mas a teoria foi sempre: O Diálogo.
A maioria das pessoas chegaram a achar minha mãe estranha por ser vista a explicar os próis e contras de determinadas ações; Como por exemplo, comer biscoitinhos do chão. Em vez de simplesmente dizer "Não coma e pronto" ou então "Está proibido". Tenho que admitir que este facto de acharem estranha a atitude de minha mãe talvez fosse, em parte, pela minha idade na época, que devia rondar os 4 anos ou talvez até um pouco menos. Mas verdade seja dita, que funcionou. Desde muito cedo eu fui uma crinça (e posteriormente, uma jovem) considerada equilibrada e nunca me senti rejeitada nem com necessidade de chamar atenção.
Em fim, cada um é o que é. Os modos como fomos criados influenciam as nossas decisões no futuro. Ou talvez não. Tudo que nos acontece pode ser para bem ou para mal. O facto de termos um pai violento, uma mãe bêbada ou irmão drogado. Pode fazer com que sejamos iguais ou até piores do que eles foram, ou pode ser a última gota, pode ser o que era necessário para uma mudança, o necessário para que, por mais pequeno que seja, darmos o primeiro passo e mudarmos a nossa vida.
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