Bem, eu não vou dizer meu nome pois acho que ele é irrelevante para o meu propósito. E omitindo a minha identidade posso falar mais livremente, não que eu pretenda dizer conteúdo inapropriado ao ponto de eu necessitar esconder quem eu sou realmente para me livrar da vergonha, mas sim porquê eu escrevo mais confortavelmente e me sinto menos exposta.
Quanto a minha vida, eu nasci no Brasil como muitas outras pessoas e lá vivi até completar sete anos de idade. Aos sete eu fui viver em Israel, e essa sim foi uma experiência que convém compartilhar.
Explicar o fato de estarmos sempre a mudar de um lugar para o outro é muito complicado, as razões são muitas e analisar nessa altura da minha vida já não faz diferença. A questão é que eu posso dizer que eu fui uma criança-jovem que cresceu habituada a mudança, eu não sinto aquela expectativa e/ou receio que a maioria sente quando têm que fazer qualquer coisa que altere um pouco a sua rotina diária. Eu já vivia sabendo que a mudança viria, eu querendo ou não, e se eu for sincera comigo mesma eu penso que hoje, quando finalmente assentamos eu tenho medo de criar raízes. Pra mim o desconhecido é toda essa familiaridade que as pessoas sentem uns pelos outros, criar raízes, essa calidez de pertencer. Eu sempre fui do tipo que caminhava nas sombras observando os outros ao meu redor, iguais a mim e ao mesmo tempo tão diferentes. Não estou dizendo que sou daqueles jovens com dificuldade de arranjar amizades, eu só não sou dependente delas, eu não sofro quando uma pessoa eventualmente deixa a escola, eu não sinto a tal perda de um amigo como deveria sentir. As amizades pra mim sempre foram uma inconstante inevitavel, elas iam e viam frequentemente. Não posso mentir e dizer que eu me esforçava por arranjar amigos, eu sabia que eu iria mudar por isso essa questão era uma das ultimas que ocupavam a minha cabeça. Eu sempre fugi de obrigações de todos os géneros, eu nunca fui do tipo que tem aquelas amizades definidas com código de como agir, o que é aceitável e etc... O que eu quero dizer é que eu nunca me sacrifiquei por ninguém, uma característica minha que não é muito boa admito. Por outro lado nunca abri minha boca para magoar ninguém, nunca fui de picuinhas, nem tive aqueles comportamentos de cobrança "Ai você ficou falando com fulaninho e me deixou sozinha/o no intervalo" mas obviamente eu nunca tolerei esse tipo de queixas e cobranças para mim tão pouco. Eu sempre pensei "se quiser ser minha amiga/o fique satisfeita com o que eu posso dar, não me peça mais" por isso perdi muitos amigos admito, mas também tive uns poucos bons amigos que duram até hoje, pessoas com a alma caridosa por que, para chegarem ao ponto de serem meus amigos com todas essas complicações, tinham que ser anjos. Eu detesto pessoas falsas e cada vez me decepciono mais com a humanidade, os poucos que me conhecem realmente dizem que eu sou confiavel e isso penso que é uma boa característica, e dificilimo alguém ganhar a minha lealdade mais se o fizer não a perde jamais. Relacionamentos amorosos nunca foram o meu forte tampouco mais isso deve ser praxe dos nómadas. Houveram alguns poucos rapazes que gostaram de mim, só Deus sabe porque. Mas eu sempre fugi de compromissos como um gato foge d'agua, visando obviamente diminuir o sofrimento de uma futura separação inevitavél quando eu mudasse novamente. Eu poupei o sofrimento do rapaz e o meu, porque eu pessoalmente não acredito em relacionamentos a distância. Eu estive em 9 escolas nos ultimos 10 anos o que faz uma estimativa de 1 ano mais ou menos em cada escola. Dentro de um pouco mais de 2 meses faço 17 anos e nunca me apaguei muito a ninguém, nem para amigos, nem para relação amorosa, eu nunca me apaixonei. E agora quando supostamente minha vida deveria começar eu não sei como agir! Isso foi o único para o que ninguém nunca me preparou: Para a estabilidade.
Falo algumas línguas diferentes, vi mais coisas do que muitos adultos nunca sequer imaginaram ver, encarei a realidade de um país em guerra e culturas tão diferentes que parecem vindas de outro planeta. E tudo isso pra que?! Tudo isso de nada me serviu, eu vivo constantemente flutuando por que o chão debaixo de meus pés não está nem nunca esteve. E ainda tem pessoas que sentem inveja! Ai se eles soubessem... Se eu só tivesse tido escolha...
domingo, 25 de setembro de 2011
O Que É O Amor Afinal?
Amor é uma ilusão criada para que os pobres coitados tenham algo ao que se aferrar no seu leito de morte. Eu não venho duvidar da sua existência, mas basta dizer que, só se me derem a fórmula certa para encontrá-lo eu começarei a acreditar. Eu penso que a ideia que nós formamos do amor é que faz com que ele seja uma utopia. Não menciono obviamente o amor carnal, eu nem sei se existe tal coisa (é possível que não passe de desejo sexual intenso). Mas sim aquele platónico existente entre dois seres que supostamente se completam e dão a metade de si mesmos para formar um todo com o outro.
E por vezes muito mais do que a metade. Às vezes esse pacto ilícito forjado com base na dependência e nos levando a agir com imprudência é o inicio do fim.
A morte é um termo aplicado talvez no fim da vida física, mais será que esse é realmente o momento de nossa morte?! Talvez nós morrêssemos no momento que olhamos no espelho e vemos aquele ser irreconhecível nos olhando de volta. Talvez a morte seja a perda da nossa identidade, quando agimos como se fossemos outra pessoa, um mísero fragmento, insignificante, daquilo que um dia fomos.
Não posso culpar o amor por todas as mágoas existentes em mim. Nem seria válido se o fizesse. O que digo é que: Tudo o que fazemos deve ser feito com moderação. A semi-vida vivida menos intensamente, talvez seja o caminho para encontrar um sentimento que seria o mais próximo ao amor ou a felicidade . Pois se pressupõe que eles viriam juntos verdade?! . Devemos amar com moderação a todos menos a nós mesmos. Pois esse merece todo o amor, cada pequena gota dele. E se um dia, por uma simples desventura, defronte do espelho não reconhecermos o reflexo que está justo em nossa frente aí podemos ter a certeza: Que fizemos tudo errado. E que por isso devemos começar tudo do início, mais uma vez.
Assinar:
Comentários (Atom)